Estávamos
no meio de um tiroteio, parecia o Rio de Janeiro (acho que fui
influenciada pela intervenção federal militar). Eu tentava levar algumas
crianças para algum lugar seguro. Atravessamos o tiroteio e nos
abrigamos em uma casa. Tudo era uma grande guerra. Pânico generalizado.
Mas eu respirava aliviada porque tinha conseguido entrar em uma casa. Da
garagem dessa casa, eis que surge um grande monstro. Um Frankstein. Ele
era levado pela mão por um dos nossos. Um grande silêncio se fez. Pavor
total. Que nem o Jaspion e todas as séries japonesas, que depois que
eles conseguiam matar o inimigo surgia uma versão ainda maior e mais
perigosa. O monstro tinha despertado e estava à solta, o exército estava
com ele. Foi então que ele veio na minha direção. Ele tinha uma
metralhadora. Eu achei que ia morrer, consegui pegar uma vassoura
vermelha que estava por perto. Ele veio na minha direção. Fechei os
olhos e enfiei com toda a minha força a vassoura no pescoço dele. Nunca
imaginei que teria força para isso. Ele não me matou. Não sei se o
matei.
Acordei, de novo a realidade da ascensão
do fascismo ronda o mundo. Candidatos e governantes assumidamente
racistas, homofóbicos, machistas, xenofóbicos inundam as notícias logo
pela manhã.
Minha
interpretação do sonho: se algo em mim ainda não estava se conformando
com essa realidade tão boçal, agora até minhas camadas mais incoscientes
já se deram conta de que é isso mesmo. Lá de dentro, de lugares
longínquos da minha mente, veio a única mensagem que ainda faz sentido: é
preciso enfrentar, lutar. Eles têm armas, eles têm monstros, mas se eu
mirar na jugular, eu terei uma chance.
Que nosso sistema politico-econômico-ideológico está falido é certo, temos (quase) consenso em relação a isso. Muitxs dos que ainda não admitiram que o sistema tem que cair e outra forma de organização deve vir em seu lugar não o fizeram por não entenderem (ou acreditarem) que outra forma de se viver em sociedade seja possível. Mesmo aquelxs que lutam para que o sistema capitalista estadista caia ainda não sabem ao certo como seria esse outro mundo que estamos propondo. Nós também não sabemos, na verdade, ninguém sabe, mas, partindo do pressuposto de que o capitalismo está levando não só a humanidade, mas o planeta inteiro e todas as formas de vida nele existentes ao colapso, podemos pensar que pior que isso não parece plausível que fique. O anarquismo, em sua ética contrária à autoridade, à centralização, à hierarquização carrega consigo o antídoto da noção de erro quando escolhe a experimentação como forma de descoberta e conhecimento.
Mais do que fórmulas para se chegar a um
determinado fim, pensamos em princípios, pontos de partida, para que muitos
caminhos e muitos fins sejam possíveis. A importância da não representatividade
surge pois, além de vivermos na pele a sua comprovação de ineficácia – pelo
contrário – de perversidade, também podemos pensar que, em teoria, não
funciona, pois a concentração de poder tende à concentração de poder, e
concentração de poder = arbitrariedade, abuso, privilégios. Nunca ninguém
saberá o que todas as outras pessoas precisam, porque a autonomia e a
autodeterminação são premissas para uma vida digna e principalmente porque
poder não se delega, ou somos políticos ou não somos, e então nos tornamos
esvaziados, expropriados do poder sobre nossas vidas.
Quando pensamos em organização social
acabamos por pensar nos termos do Estado-Nação que nos foram apresentados pela
divisão geográfica nos mapas, com a ideia de território nacional, hino
nacional, cultura nacional, língua nacional, constituição do país e seu
governo. Essas fronteiras e delimitações são criações abstratas, apesar de sua
consequência ser bastante concreta, mas para que tudo isso exista é preciso de
uma ação legitimadora chamada “voto”. Essa tentativa de transformar o que é
múltiplo e plural em único, uno, unificado, é feita à base de muita violência,
etnocício, genocídio, injustiças, expropriações e de um exército nacional.
De saída já podemos pensar que o sistema é
econômico e político (em sua base material) e que, para superá-lo, temos que
pensar em duas frentes: a nossa organização e o nosso abastecimento. O sistema
também é judicial – teremos que nos debruçar cuidadosamente sobre essa questão,
mas isso daria um outro texto…
As ideias de organizações sociais mais justas e horizontais renegam a centralização e delegação de poder e se
baseiam em reuniões horizontais de pessoas que têm algo em comum, sejam seus
interesses, o lugar onde moram, suas profissões ou seus prejuízos. Murray
Bookchin, em seu “Municipalismo Libertário” dizia que antes dos Estado-Nações a
política era feita pela população em nível comunitário nas assembleias cidadãs
diretas. Isso antes dos políticos se tornarem profissionais e burocratas.
Não é à toa que muitas ideias de novas
formas de se viver em sociedade venham do passado, das tribos, das aldeias, das
comunas. Essas sociedades não tinham a propriedade privada, não tinham
transformado a terra em mercadoria, fato que determinou e determina toda a
nossa forma de ver e vivenciar a terra e a vida na Terra.
Eis mais uma premissa: para uma que uma
organização popular possa ser de fato popular, é preciso que não exista
propriedade privada, nem estatal, pois o Estado também é um proprietário. Ser
estatal não é o mesmo que ser público.
Mas para que uma organização popular possa
ser eficaz é preciso que haja uma nova prática do ser político. Bookchin afirma
que mesmo em uma organização que seja gerida a partir de assembleias diretas é
preciso que o “cidadão” esteja em constante formação e discussão política. “Mas
limitando a vida política unicamente às assemebleias cidadãs, corria-se o risco
de ignorar a importância de seu enraizamento numa outra cultura política fértil
feita de discussões públicas cotidianas, nas praças, nos parques, nas esquinas
das ruas, nas escolas, nos albergues, nos círculos etc. Discutia-se política em
toda parte, preparando-se para as assembleias cidadãs, e tal exercício
cotidiano era profundamente vital.”
Avançando um pouco no tempo, existiram
insurreições urbanas que procuraram se valer de assembleias para sua
organização. Na contra-mão de uma cartilha, o Comitê Invisível questiona em
seu notável “Aos nossos amigos” a figura suprema da assembleia na atualidade.
“Em Oakland como em Chapel Hill, acabou por se considerar que a assembleia não
tinha nenhum direito em validar o que este ou aquele grupo podia ou queria
fazer, que ela era um local de partilha e não de decisão. Quando uma ideia
emitida em assembleia vingava, era simplesmente porque um conjunto suficiente
de pessoas a consideravam boa para lhe concederem os meios de a pôr em prática
e não em virtude de qualquer princípio de maioria. As decisões vingavam ou não;
elas nunca eram tomadas.” Esse questionamento surge porque a assembleia também
tem implicações relativas às decisões e à centralização de poder. Essa lógica
pode ser mudada se pensarmos nas assembleias como espaço de discussão muito
mais do que de decisão, a princípio. Mas mesmo a assembleia pode ser
questionada, o que ela representa não é uma forma engessada de organização mas
um modo de as pessoas se encontrarem e, de maneira horizontal, dialogarem.
Quando acontece um encontro depretensioso e disposto à ação de pessoas
alinhadas em suas vontades e princípios, tudo é possível!
Mas
porque tanta gente ainda se apega ao
Estado como administrador da nossa vida? Seria porque não vislumbraram
ainda
como podemos gerir sistemas tão complexos, como a geração e distribuição
de
energia, a internet, a distribuição de água e alimentos, etc?
Logicamente não há uma resposta pronta ou um plano para isso, mas alguns
autores apontam
soluções. Para Bookchin, “o fato para uma comunidade decidir de maneira
participativa que orientação seguir numa dada questão não implica que
todos
devam saber como se concebe e como se constrói uma estrada. É o trabalho
dos
engenheiros, que podem apresentar projetos alternativos, e os
especialistas
desempenham, então, por isso, uma função política importante, mas é a
assembleia dos cidadãos (e cidadãs) que é livre para decidir. A
elaboração do
projeto e a construção da estrada são de responsabilidade estritamente
administrativa, enquanto a discussão e a decisão quanto à necessidade
desta
estrada, inclusive a escolha da sua localização e a apreciação do
projeto,
concernem a um processo político.”
Com isso observamos que a questão da
organização política se mistura à administração e execução das decisões tomadas
pelo conjunto.
Entendendo que umas das ações mais
estratégicas de que o povo dispõe para lutar é o bloqueio (a ocupação,
a expropriação ou a retomada do espaço) surgiu o termo “ocupar e resistir”.
Seria interessante acrescentar um termo a este lema: “fazer funcionar para o
povo”. Ou seja, para além de ocupar e resistir, há que se fazer a fábrica, a
escola, a universidade, o transporte, o prédio funcionarem em função do
coletivo, da comunidade.
O Comitê Invisível acredita que a
administração e execução estão mais nas mãos do povo do que necessariamente dos
técnicos, como defende Bookchin. “Por outras palavras: temos que retomar um
meticuloso trabalho de pesquisa. Temos de ir ao encontro, em todos os setores,
em todos os territórios que habitemos, daqueles que dispõem de conhecimentos
técnicos estratégicos. É somente a partir daí que os movimentos ousarão
verdadeiramente “bloquear tudo”. É somente a partir daí que se libertará a
paixão de experimentar uma outra vida, paixão técnica em larga escala, que é
como a inversão da situação de dependência tecnológica de todos.”
E quando pensamos na produção de coisas,
logicamente associamos ao capitalismo a à necessidade de gerar lucro a
existência de mais da metade dos produtos que existem hoje. A Coca-Cola vai
deixar de existir? A Apple? O que podemos entender acerca da existência desses
produtos depois da queda do capitalismo é que eles existirão na medida em que
serão necessários a tal ponto de mobilizar pessoas para a sua produção. Podemos
pensar também que a elitização da informação não existirá mais. Deste modo
poderemos pensar em ter a receita da coca-cola acessível para quem quiser
produzi-la em casa, ou que teremos acesso a como produzir nossa própria
tecnologia de forma autônoma. Ou seja, poderemos, se realmente quisermos,
produzir nossos próprios celulares e computadores, ou consertá-los. Podemos
pensar que as fábricas serão cooperativadas, ou seja, que poderão sim produzir
os bens que são úteis às pessoas, mas não a partir da lógica do lucro, da
obsolescência programada, nem de um ritmo acelerado e desumano de trabalho.
Seria ingênuo pensar que um dia o
capitalismo vai cair e então teremos o espaço necessário para realizar tudo
isso que imaginamos. Os processos acontecem simultâneamente, de modo que
devemos começar já, neste instante, a criação dessas formas outras de decisão,
discussão, admnistração, produção e trocas!
E para ir além (ou aquém) da nossa
necessidade de tecnologia, temos que pensar em nossas necessidades mais
básicas. Práticas para sanar em rede essas necessidades são conhecidas em
diversas partes do mundo, são as trocas e dádivas, que promovem a
desmonetarização e auto suficiência! E para se pensar no agora, por onde
podemos começar, olhemos para a terra e para o que precisamos de mais básico,
vamos começar daí, pela terra e pela nossa comida. Quem planta colhe! Quem
planta seu alimento fabrica seu dinheiro.
As
histórias daqueles que não foram famosos, celebridades, lideranças, daqueles
que trabalharam e só trabalharam, que criaram seus filhos com sacrifício, essas
histórias, se não forem escritas ou gravadas, serão esquecidas?
A
vida cotidiana sem muito brilho e oportunidades para homenagens e solenidades ,
as vidas das milhões de pessoas que todo dia levantam cedo e vão trabalhar para
mover este sistema, essas vidas acabarão e um dia será como se nunca tivessem
existido?
Minha
mãe, meu pai, minha avó, D. Lúcia, D. Adélia… quem vai registrar essas
histórias? Ou será que faz parte dessa vida passarmos, assim, sem marcas, como
um rio suavemente corre em seu leito, e só o trabalho de muitos, como o volume
de água do rio, é que traz as transformações?
Por
medo de esquecer, em homenagem à D. Lúcia, vou deixar escrito algumas coisas
que sei dela:
–
era camponesa, japonesa, só sabia escrever e ler em japonês, era órfã e foi
criada pelo seu tio, trabalhou desde criança, teve dois filhos e seis netos.
Era justa, simples, guardava tudo com cuidado porque sabia o que era a falta.
Sabia costurar, era ótima de conversa, tinha boa memória. Dizia Prudente
Prudente em vez de Presidente Prudente, tinha pouca vaidade mas estava sempre
muito limpinha e penteada. Quando mais nova fazia permanente. Nunca a ouvi
levantar a voz. Agradecia a cada refeição – obrigada!
Por
enquanto me lembro de muitas coisas, não vou escrever tudo porque daria um
livro. Espero não me esquecer!
D.
Lúcia era minha amiga, e quem disse isso foi ela! Eu concordei!
Mesinhas
na praia… uma mesa só de mulheres ao nosso lado faz escândalo pra chamar o
garçon. Ele vem e a menina morena de cabelos cacheados e soltos, no seu sotaque
carioca mais caprichado, pergunta:
– Você tem facebook?
A
mulher mais velha diz:
–
Era isso que a gente queria pedir, moço, o seu facebook.
Burburinho,
as mulheres começam a falar entre si, de repente salta a voz da morena mais
interessada:
–
Você tem namorada?
O
menino garçon estava num misto de timidez e êxtase. Não sabia que cara fazer,
mas sua alegria mal podia ficar contida no seu corpo ali parado.
As
meninas se apresentaram, eram todas da mesma família, a mais velha era tia ou
mãe de quase todas. O menino se apresentou: “sou o dono do bar”. E convidou-as
para voltarem mais vezes. Elas, sem titubear, avisam:
–
Olha que a gente volta mesmo!
–
É ruim da gente não voltar…
Eu
e o Cadu, na mesa ao lado, temos que esperar o desfecho da história para
conseguirmos pedir nossa cerveja.
A
mulher mais velha se aproxima carinhosamente do garoto e diz:
–
Quando a gente voltar, meu marido gosta de trazer o isoporzinho dele. Tudo bem deixar
aqui?
O
menino diz que sim, mas que tem que consumir alguma coisa.
Ela
emenda:
–
Então tá, quando a gente vier, a gente fala com você!
…
Tudo resolvido, todos felizes! A menina fez seu contato, a mulher garantiu o isopor
do marido, o garçon ganhou popularidade! Eu e o Cadu chamamos, então, o garçon.
Até então estávamos esperando e acompanhando o empoderamento desse grupo de
mulheres. O garçon não ligou para nós… depois dessa, não seria tão fácil
conseguir a atenção dele.
Eu acabei ficando amiga de um cachorrinho aqui do
meu quarteirão. Ele fica preso na laje de um semi-prédio, um lugar que compra
materiais de reciclagem. Ele fica latindo, não a tarde toda como aqueles
cachorros histéricos, mas ele parece chamar os amigos de tempos em tempos. Eu o
vejo pela janela da lavanderia, que também dá para os fundos do prédio fru-fru
do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). Na verdade ele não é fru-fru, ele
é um prédio até antigo e bem bonito, mas o que rola ali é trabalho, e entre
pessoas com camisas pólo e o pequinês da loja que compra latinhas, eu fico com
o dog. Fico? Hoje mesmo eu feri seu coração.
Esqueci de mencionar que há algum tempo a gente vem
conversando. Primeiro eu tentei latir de volta para ele, mas como eu não sei
latir certo, ele parecia irritado comigo (como se eu inventasse um gramelô de
alguma língua e achasse que poderia realmente me comunicar dessa forma com
alguém que fala de verdade essa língua). Nessa época o dog tinha um amigo, mas
ele já não está mais…
Comecei a assobiar, parecia mais digno. Ele late,
eu assobio, e assim trocamos alguns cumprimentos pelas tardes vazias.
Hoje mesmo, estávamos num papo quando os arquitetos
de camisa pólo nos viram. Eles ficaram olhando e eu fiquei sem graça, estava
mesmo me abrindo para o dog. Parei de assobiar. O dog continuou puxando
assunto, mas eu não respondia. Ele dava mais uns latidinhos e parava. Eu
quieta, esperando os arquitetos saírem da janela. Quando fui assobiar de volta
o dog já estava entretido num papo com uma pomba que passava por ali.
Tudo se organiza para a sobrevivência, só o capitalismo e o Estado é que se organizam para a extinção.
Eles são barra-vidas.
Barram estrategicamente todas as nossas formulações de um mundo melhor, para que não encontremos a saída.
Propõem caminhos que levam a labirintos: consumo, igrejas, padrões, formas de produção material e de subjetividades.
Nós somos o capitalismo, nosso corpo é seu suporte.
O capitalismo nos usa, e usa à Terra para existir se manter.
A
Terra claramente resiste a ser esse suporte, faz frente como pode,
adaptando-se na medida do possível, mas, principalmente, cumprindo seus
desígnios e apresentando suas consequências – que parecem querer vomitar
o Homem, como um organismo estranho e parasita que trabalha contra o
funcionamento harmônico do todo.
Nosso corpo também resiste. Resiste muito.
Mas para além da
resistência para a sobrevivência individual, assim como nosso corpo é
vetor de algo maior como o capitalismo, temos que emprestá-lo para a
luta.
Para
sobrevivermos todxs, e a Terra, não vai bastar nossa resistência
individual, precisamos ir além do nosso corpo, temos que nos organizar,
ou seja, desenvolvermos órgãos que trabalham em conjunto. Precisamos
dessa força ou não sobreviveremos e não sobreviverá a Terra como a
conhecemos.
Quem nos barra? Como podemos abrir espaço para que as organizações autônomas possam acontecer?
Temos que compreender quem nos barra!
O
maior medo de quem barra nossas vidas é que a gente saiba (e muitxs já
sabem) que somos nós mesmxs que fazemos tudo funcionar, só que
organizadxs por elxs.
Temos
que aprender com quem resiste e faz algo funcionar por si próprix,
estxs são xs mais perseguidxs… já pensou se contam para todxs que
podemos fazer as coisas funcionarem por nós mesmxs?
Até
onde eu entendo o termo “esquerda”, ele pressupõe uma ideologia que
luta pelo fim do capitalismo, ou, ao menos, pelo fim daquilo que gera as
opressões no mundo, o que é a mesmíssima coisa.
Mas em relação ao Estado não se entende unanimemente que ele deve ser combatido como uma entidade que nos oprime.
Como ainda se pode cogitar a convivência com o Estado se esse nos massacra?
O Estado é autoritário e violento por natureza, não há ideologia democrática que possa mudar isso.
O Estado é fascista, ora declaradamente, ora disfarçadamente.
Com o fascismo, como dizem, não tem conversa.
Nós não conseguiremos convencê-los, os poderosos, de nada. Eles têm um projeto e o estão executando.
E nós, qual o nosso projeto?
Disputar esse poder, o Estado, ou criar formas nossas de vivermos sem opressão?
Se ficarmos na diputa pelo poder, já era. Acabou o tempo. Acabou a vida.
Guerras, lutas perdidas, caminhos já conhecidos…
O poder, assim como o capitalismo, não é natural, foi inventado e organizado para se manter.
O Estado é um executor das sentenças do capitalismo.
O Estado teve a sua chance de mostrar à esquerda e ao mundo que pode salvar-nos do capitalismo. Não pode porque o capitalismo e o Estado estão juntos desde sempre. Está mais do que provado que o Estado serve ao capitalismo, ou ao domínio de uns sobre outrxs.
Como pensamos nossa relação com o Estado define todas as estratégias que venhamos a ter.
O Estado divide a esquerda.
O Estado é da direita.