A água escorre na sarjeta
Suja, turva
Noite
Luzes amarelas nos postes
A água reflete a luz
Seu movimento, suas pequenas ondas
Cumprem sua natureza
E, lindamente, refletem a luz amarelada
Apesar do seu maltrato
Sua podridão e tudo de mau
Que ela pode estar levando
Ela lindamente reflete a luz.
A paisagem, uma avenida triste
Com prédios gigantes e novos
Um pronto
E um em construção.
Não fosse a água, tão digna
E a luz do poste
Seria só melancolia.
A água ancestral
A mesma do começo do mundo
Me trouxe um rio de lirismo
E um sopro de alegria
Mesmo que suja e contaminada.