O rosto dos vivos e o rosto dos mortos

Sempre me impressionou o rosto dos mortos, como é diferente da expressão da pessoa viva. Parece mesmo outra pessoa, irreconhecível.

Isso me faz pensar que o nosso rosto vivo é composto muito mais pela expressão que damos a ele, através de tensões e relaxamentos, do que alguma natureza, genética ou estética (predominantemente). E quando a pessoa morre é que percebemos que expressão ela dava a si mesma.

Não existe natureza e neutralidade quando se trata da formação do nosso caráter e personalidade. Mas o que de fato a gente escolhe quando formamos nosso ser?

Me parece que escolhemos apenas como lidar com as forças que agem sobre nós, mas jamais essas forças são controladas por nós. E o nosso rosto vivo é o resultado dessa lida.

Já nosso rosto morto é o resultado de nenhuma força e nenhuma lida, é um rosto que jamais conheceremos em vida.

2, 4 ,8, 12…

EU TENHO DOIS ROSTOS

TENHO QUATRO, OITO, DOZE ROSTOS

A MAIOR PARTE DO TEMPO

EU NÃO SEI QUE CARA TENHO

.

QUANDO INVENTO ME SAI DO AVESSO

SE RELAXO, SAI ESCRACHO

NÃO PLANEJO, NÃO CONTROLO

QUAL DOS MEUS ROSTOS

ESTÁ A POSTOS

.

VOLTO TARDE DOS DEVANEIOS

OS OLHOS ESBUGALHADOS

A BOCA TENSA

QUE CARA TENHO

QUANDO OLHO PRA DENTRO?