14 vezes NÃO

Não falar por sentenças

Não buscar sempre e em tudo a verdade maior

Não ter certeza e certezas

Apenas estar e ouvir

Deixar que uma nova verdade surja

A cada momento

E a cada encontro.

Deixar silenciar se não houver mais o que dizer

Deixar silenciar se as palavras não forem suficientes

Não há ansiedade

Não há obrigação

Não há certo e nem errado

Não há nada – tudo está latente.

Não inventar – compartilhar

Não forjar – fomentar

Não forçar – fluir

Não amar – sentir

Não falar – ouvir

Não acertar – jogar.

Perfeição

O que me faz pensar que posso atingir a perfeição? Por que, aliás, eu a desejaria, se no fim ela está acabada e só o que existe é o movimento? Não existem, por acaso, pretensões mais nobres e menos tediosas do que atingir esse estado que não existe? E o gosto amargo do erro? Como posso pensar que sou capaz de fugir dele? Posso gostar desse amargo como aprendi a tomar café sem açúcar. Posso me expor ao erro e ao olhar do outro, porque assim serei menos ridícula do que tentando a perfeição. Não há defesas garantidas, não se pode ter preguiça da luta diária. E o acaso é tão íntegro que cumpre seu papel sem se importar com as formalidades sociais.      O acaso existe, a perfeição não.