Perfeição

O que me faz pensar que posso atingir a perfeição? Por que, aliás, eu a desejaria, se no fim ela está acabada e só o que existe é o movimento? Não existem, por acaso, pretensões mais nobres e menos tediosas do que atingir esse estado que não existe? E o gosto amargo do erro? Como posso pensar que sou capaz de fugir dele? Posso gostar desse amargo como aprendi a tomar café sem açúcar. Posso me expor ao erro e ao olhar do outro, porque assim serei menos ridícula do que tentando a perfeição. Não há defesas garantidas, não se pode ter preguiça da luta diária. E o acaso é tão íntegro que cumpre seu papel sem se importar com as formalidades sociais.      O acaso existe, a perfeição não.