Essa noite tive um sonho revelador.
Estávamos
no meio de um tiroteio, parecia o Rio de Janeiro (acho que fui
influenciada pela intervenção federal militar). Eu tentava levar algumas
crianças para algum lugar seguro. Atravessamos o tiroteio e nos
abrigamos em uma casa. Tudo era uma grande guerra. Pânico generalizado.
Mas eu respirava aliviada porque tinha conseguido entrar em uma casa. Da
garagem dessa casa, eis que surge um grande monstro. Um Frankstein. Ele
era levado pela mão por um dos nossos. Um grande silêncio se fez. Pavor
total. Que nem o Jaspion e todas as séries japonesas, que depois que
eles conseguiam matar o inimigo surgia uma versão ainda maior e mais
perigosa. O monstro tinha despertado e estava à solta, o exército estava
com ele. Foi então que ele veio na minha direção. Ele tinha uma
metralhadora. Eu achei que ia morrer, consegui pegar uma vassoura
vermelha que estava por perto. Ele veio na minha direção. Fechei os
olhos e enfiei com toda a minha força a vassoura no pescoço dele. Nunca
imaginei que teria força para isso. Ele não me matou. Não sei se o
matei.
Acordei, de novo a realidade da ascensão
do fascismo ronda o mundo. Candidatos e governantes assumidamente
racistas, homofóbicos, machistas, xenofóbicos inundam as notícias logo
pela manhã.
Minha
interpretação do sonho: se algo em mim ainda não estava se conformando
com essa realidade tão boçal, agora até minhas camadas mais incoscientes
já se deram conta de que é isso mesmo. Lá de dentro, de lugares
longínquos da minha mente, veio a única mensagem que ainda faz sentido: é
preciso enfrentar, lutar. Eles têm armas, eles têm monstros, mas se eu
mirar na jugular, eu terei uma chance.