Eu passo naquelas avenidas
Que estão próximas aos rios
Vejo canais de cimento
Vez ou outra
Parece que esqueceram uma pedra.
Que esperança que dá
Daquele rio correr limpo de novo
Fazer seu curso
Lambendo as pedras com carinho.
É novembro
Caem chuvas abundantes
Quero comemorar a chuva
Nossa querida chuva
Mas moro em São Paulo
Aqui, ora a chuva é uma bênção
Ora uma maldição
Que derruba morros
Que alaga bairros
Que deixa pessoas ilhadas, exaustas, famintas.
A chuva, o rio, a água
Não podemos contê-los
Temos que parar de tentar
Controlá-los
É mais fácil e eficaz
Procurar conter
A ganância e o capitalismo.
A água, o rio, a chuva
São ingovernáveis.