No incerto também mora o valor

Fiz descobertas preciosas sobre o amor e o apego. Gostaria de compartilhá-las.

O amor, o fascínio, o mistério, são coisas difíceis de se entender. Daí vem a minha confusão com o apego, que é essa vontade de controlar, de segurar o momento, o tempo, para ver se ganho tempo para conseguir decifrar e assim viver plenamente a experiência do amor, do mistério e do fascínio. Não compreendo o fenômeno porque é imenso, então procuro ter mais tempo, buscando uma visão total desse encontro com o outro, com o mistério, com o amor, com o infinito.

Só que o apego é o oposto desse fenômeno abismal de descoberta de novos universos. Porque é só na experiência da troca e do encontro que o amor se realiza plenamente, e esse encontro é exatamente o que está acontecendo agora. Qualquer tentativa de controlar o tempo e o outro depõe contra o amor.


Se o que busco através do apego a ideias pré-concebidas é eternizar o encontro, é importante reconhecer que é no viver plenamente o encontro  que verdadeiramente eternizo o fascínio, o mistério e o amor. Não pensar num tempo futuro quando estiver vivenciando algo no presente – não me ausentar do presente nem por um instante (ou ao menos enquanto estiver acontecendo um encontro valioso).


O apego é o medo da falta. Se durante um encontro eu ficar pensando que a ausência daquilo vai me fazer falta, o resultado é que, enquanto acontecia o encontro, eu estava pensando no não-encontro.

Os encontros precisam de calma e pressa. Calma para não se desesperar com o futuro e a perda que virá certamente, porque o futuro é a produção do passado. Pressa porque temos consciência do passado e do futuro, da efemeridade da vida. Calma para gozar sensorialamente e intelectualmente de todas as mirabolantes variações do destino, pressa para não perder o tempo da possibilidade. Calma para entender que existe o eterno, mas praticamente nada ao meu redor é eterno; e pressa exatamente porque para nós a eternidade não é nada além de promessas vazias de religiões que mercantilizam o desespero.

Me ensinaram que o valor está no certo, no garantido, mas percebi que no incerto também mora o valor.