O amor e a cidade


Onde tantos transitam

Transitam muitos interesses

Olhar, ver, perceber

Captar o momento, o rosto e as feições de quem passa


Então passa


Infinitamente maior do que o tempo do encontro

(cruzamento, não como o dos animais)

É o tempo eterno do nunca mais


Por isso o treino do desinteresse

O encontro, o momento de iluminação do belo transeúnte

 é esmagado por todos os outros que passam,

pelo tempo posterior que o devora.


Mas o treino não funciona sempre

A vida procura vida

Os olhos procuram olhos

E sorrisos explodem sorrisos


Na metrópole está tudo o que se busca

Mas quase nada está ao alcance das mãos.